quando te fazer feliz
me faz feliz
se a história for
sempre assim
melhor pra mim...
- Eu sei. Isso não é justo. Na verdade, nem devíamos estar aqui. Mas estamos. É como nas grandes histórias, Sr. Frodo. As que tinham mesmo importância. Eram repletas de escuridão e perigo. E, ás vezes, você não queria saber o fim... porque como podiam ter um final feliz? Como podia o mundo voltar a ser o que era... depois de tanto mal? Mas, no fim, é só uma coisa passageira... essa sombra. Até a escuridão tem de passar. Um novo dia virá. E, quando o sol brilhar, brilhará ainda mais forte. Eram essas as histórias que ficavam na lembrança... que significavam algo. Mesmo que você fosse pequeno demais para entender por quê.
Mas acho, Sr. Frodo, que eu entendo, sim. Agora eu sei. As pessoas dessas histórias... tinham várias oportunidades de voltar atrás, mas não voltavam. Elas seguiam em frente... porque tinham no que se agarrar.
- E em que nós nos agarramos, Sam?
- No bem que existe neste mundo, Sr. Frodo... pelo qual vale a pena lutar.
“Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo…Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.”
O homem que se endereçou
Apanhou o envelope e na sua letra cuidadosa subscritou a si mesmo:
Narciso, rua Treze, nº 21.
Passou cola nas bordas do papel, mergulhou no envelope e fechou-se. Horas mais tarde a empregada colocou-o no correio. Um dia depois sentiu-se na mala do carteiro. Diante de uma casa, percebeu que o funcionário tinha parado indeciso, consultara o envelope e prosseguira. Voltou ao DCT, foi colocado numa prateleira. Dias depois, um novo carteiro procurou seu endereço. Não achou, devia ter saído algo errado. A carta voltou à prateleira, no meio de muitas outras, amareladas, empoeiradas. Sentiu, então, com terror, que a carta se extraviara. E Narciso nunca mais encontrou a si mesmo.